6.12.14

Em Maio, quando o amor era bom e o sol era quente

Lembro-me da primeira gargalhada vindo do mais fundo de mim que dei contigo. Lembro-me perfeitamente do som do meu riso histérico e arrepiante aos ouvidos da tristeza. Lembro-me de ser feliz sem o saber. Falaste num preto qualquer, talvez uma piada a passar pelo racismo, talvez uma piada sem qualquer centímetro de riso, mas ri-me. Ri-me como se o mundo fosse acabar dois segundos depois. Talvez isso só tivesse sido assim pela forma expressiva que o disseste, ou talvez porque me ri de ser feliz. Só tinha que me rir daquele momento em que, sem me tocares, me agarravas até aos ossos, até aos ossos que eu nem sabia que existiam. Não podia ficar de outra forma, é eufemismo dizer que foste engraçado. Sempre foste engraçado e toda a gente o podia ver e sentir, mas foste mais do que isso comigo, tinhas uma graça que me engraçava, que me delirava.
Quero guardar-te naquele momento, naquele jardim que era do mundo sendo só nosso, que até ele se rendeu ao amor. Por aquele segundo em que nos esquecemos da vida. Eu ri-me da tua piada e tu riste-te por mim. Riste-te de me ver a dar ao mundo tudo o que tinha de puro na alma. Fomos felizes, meu amor. Numa felicidade que não acaba. Num eterno momento que chegou ao fim sem nunca ter acabado.
Espero que te lembres também. Em Maio, quando o amor era bom e o sol era quente. 

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