Lembro-me da
primeira gargalhada vindo do mais fundo de mim que dei contigo. Lembro-me
perfeitamente do som do meu riso histérico e arrepiante aos ouvidos da
tristeza. Lembro-me de ser feliz sem o saber. Falaste num preto qualquer,
talvez uma piada a passar pelo racismo, talvez uma piada sem qualquer
centímetro de riso, mas ri-me. Ri-me como se o mundo fosse acabar dois
segundos depois. Talvez isso só tivesse sido assim pela forma expressiva que o
disseste, ou talvez porque me ri de ser feliz. Só tinha que me rir daquele
momento em que, sem me tocares, me agarravas até aos ossos, até aos ossos que
eu nem sabia que existiam. Não podia ficar de outra forma, é eufemismo dizer
que foste engraçado. Sempre foste engraçado e toda a gente o podia ver e
sentir, mas foste mais do que isso comigo, tinhas uma graça que me engraçava,
que me delirava.
Quero guardar-te naquele
momento, naquele jardim que era do mundo sendo só nosso, que até ele se rendeu
ao amor. Por aquele segundo em que nos esquecemos da vida. Eu ri-me da tua
piada e tu riste-te por mim. Riste-te de me ver a dar ao mundo tudo o que tinha
de puro na alma. Fomos felizes, meu amor. Numa felicidade que não acaba. Num
eterno momento que chegou ao fim sem nunca ter acabado.
Espero que te
lembres também. Em Maio, quando o amor era bom e o sol era quente.
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