28.10.13

Lá estava ela, sentada no banco de jardim a recordar memórias que nunca tivera, à espera de algo que sabia que nunca viria. Entre os seus pensamentos, lia um livro: de amor- dissera ela num suspiro profundo. Procurava definições e palavras remotas para caracterizar as páginas que o vento, suavemente, virava. Sentimento de confiança, desejo, respeito e um preenchimento inigualável, referiu. Não sabia ela que, por entre a sua inocência, o seu ar angelical e a sua ingenuidade viria ainda a por à prova o que ela apelidou de "preenchimento".
Naquele mesmo banco, pousou o livro e entre o riso incontrolado das crianças e o latir dos cães que passeavam, encontrou-o. Não sabia dizer quem era, sabia apenas os traços fisicos, os olhos verdes e misteriosos dele, despertaram-lhe a sua atenção, o cabelo de ouro que brilhava com os suaves raios de sol que apareciam por entre as arvores. Ali, naquele banco nasceu o que ela iria vir a conhecer como amor.
O misterio mantinha-se, o interesse subito e a sensação de "ele vai ser o amor da minha vida", que ela ainda desconhecera,  faz com que os corações de ambos se aproximem. Naquele momento, naquele instante ela acordou, percebeu que o amor era transcendente a definições, ocupava-se de sentimentos fascinantes, de orgulhos discretos e sorrisos sinceros.
Assim foi, o resto de uma vida. O outono trouxe-lhes o que ela hoje apelida de "sentido de vida".

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