11.7.14

Eu tenho três amores.

      Gosto de acreditar no lado inocente da vida, no puro, no feliz. Talvez essa ilusão seja meramente isso mesmo, algo que o meu cérebro gosta de criar e acreditar, mas vivo bem assim. Peço todos os dias para que não me traia, para que não me leve à perda. Seria impossível viver tranquilamente a crer que, o que temos de mais nosso, nos mente. Se não acreditar em mim, no que eu própria me digo, vou acreditar em quem?
      Felizmente, vivo feliz. Deixem-me viver no meu mundo que, ilusão ou não, nele sou feliz. Espero que a inocência não desapareça com o vento, com a chuva e com a erosão. Não quero ser como uma rocha que se desgasta, embora não o possa ser porque, interiormente, sou tudo menos dura. A expressão "coração mole" é a minha cara, o meu sorriso, o meu interior; talvez ela me encaixe com uma perfeição que só eu consigo ter percepção. É bom ser feliz por mim, não sozinha, mas por mim. Viver numa redoma em que genuinamente sorrio, brinco, salto, grito e partilho-o com quem vive comigo, nesse mundo louco. 
      Tenho três grandes amores, todos eles diferentes mas únicos e igualmente intensos. Em primeiro lugar, não podia deixar de me colocar. É radiante gostar de mim pelo que sou e pelo que valho, saber que mesmo não sendo como os outros, eles também não são como eu. Essa unicidade atribui-me um estatuto de superioridade na minha vida. Ó defeitos, ó feitio, ó choro, ó tudo aquilo que (positivo ou não) me define e me faz querer ser mais eu todos os dias. Não precisar de me esconder atrás de ninguém nem de máscaras, não precisar de alguém para me definir. Essa não sou eu, embora os meus momentos de fraqueza me revelem, aparentemente, diria, talvez, um pouco dependente de outros amores.
       Não podia deixar de falar na pessoa que mais me ama neste mundo, aquela que sei que, aconteça o que acontecer, nunca na vida me vai abandonar. Sou dela quase tanto como sou minha. Minha querida mãe, tenho-te um amor infindável. És o verdadeiro sentido de "desde sempre e para sempre". Comparo-te ao sol. A noite é boa, sabem bem os dias encobertos e estar longe da luz mas nunca ninguém é feliz sem o sol, sem a luz que emite e sem a tranquilidade que dá. És, então, o sol da minha vida, num sentido muito próprio e meu, porque embora seja bom estar longe e estar ausente, é melhor ainda saber que volto, que voltas. Mãe é mãe, sempre ouvi dizer e sempre o reconheci.
     Agora dirijo-me a ti, tu que sabes que tens, neste momento, o meu coração dentro de ti. É bom gostar tanto de ti e não há nada que eu não te diga, que eu não te mostre. Ao meu amor por ti que quase se confunde com tudo o que sou. Fazes-me perder a cabeça ao ponto de seres tudo em mim. Trato-te por amor, como és em mim, como não consegues deixar de ser. Tenho medo do tempo, por nós, mas tenho mais medo do que não conheço e nesse campo estou bem. Conheço-te, conheço o amor que tenho por ti e conheço-nos. Fazes-me acreditar num amor pleno, num amor eterno, talvez. Sabes que sou uma eterna romântica e fazes-me crer que é assim que devo continuar a ser, porque é bom sê-lo contigo. É bom ser eu contigo e mais ninguém. Sempre me revelei, perante todos, reservada, no mundo em que não entrava ninguém. Correndo o risco de ser convencida, devias sentir-te lisonjeado por ter o que ninguém tem, ninguém teve e que, provavelmente, ninguém terá. Incrível em como, ao longo deste texto, nunca fiquei sem palavras, até que me dirigi a ti; a única coisa que surge é um coração acelerado, uma lágrima e um sorriso na cara. É a melhor maneira que tenho de te falar, dizer-te absolutamente nada. Faço tudo por ti mas isso tu já sabes. Amo-te, apenas. 
      Posto isto, é impossível não ser feliz, pois mesmo sendo a felicidade ilusória, para mim, é tão real quanto o chão que piso. Gosto de viver assim, com um sorriso na cara para mim, para o mundo e para vocês, meus amores. Eu e vocês são o melhor de mim, do mundo.

     

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